O policiamento segue reforçado na manhã desta quarta-feira (23) nas proximidades do Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio, após protesto violento iniciado quando foi encontrado o corpo do dançarino do programa "Esquenta" Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 26 anos, nesta terça (22). A confusão se espalhou pelas ruas do bairro, com tiros, bombas, quebra-quebra relatados por moradores e a morte de um homem, baleado na cabeça.
O Pavão-Pavãozinho foi pacificado em 2009.
Helicópteros sobrevoavam a região e houve carro queimado na subida da comunidade. Houve interdições na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Raul Pompeia. O Metrô Rio chegou a fechar acessos da Estação General Osório por segurança.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o homem baleado na cabeça durante a manifestação de moradores do Pavão-Pavãozinho já chegou morto ao Hospital Miguel Couto.
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Segundo informações da TV Globo, o morto foi identificado como Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos, e nasceu em Minas Gerais. A polícia ouviu o irmão de criação dele, um amigo e dois PMs que o socorreram. Moradores da comunidade também estavam sendo chamadas para prestar depoimento.
Segundo o relato de vários moradores ao G1, um menino de 12 anos, conhecido como Mateus, também teria sido baleado, na Ladeira Saint-Romain, esquina da Rua Sá Ferreira. Secretaria de Saúde e Polícia Civil, no entanto, não confirmaram a informação, e familiares da suposta vítima não foram encontrados.
Esquenta (Foto: Reprodução/Tv Globo)
Morte de dançarino
Amigos do dançarino DG acusam policiais militares de o espancarem por acharem que o jovem era traficante. A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nega.
"Ele morreu à 1h com marca de espancamento. Mais de 12 horas depois a gente conseguiu ver o corpo. Estava em posição de defesa, todo machucado. Ele não tem marca de tiros", disse a mãe, técnica de enfermagem Maria de Fátima da Silva, contando que DG mora com ela na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, e tinha ido à favela visitar a filha, de 4 anos, e ensaiar com um grupo de dança.
(Foto: Marcelo Elizardo / G1)
Segundo o comando da unidade, houve tiroteio durante ação da PM na noite de segunda-feira (21) na comunidade. O corpo do dançarino foi encontrado numa creche, no fim da manhã desta terça. DG fazia parte do Bonde da Madrugada, do programa "Esquenta", de Regina Casé. Em nota, apresentadora lamentou a morte e pediu que o crime seja esclarecido. “Eu estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível.
Mais cedo, a assessoria de imprensa da Globo informou que a "família Esquenta! está profundamente abalada e triste com a notícia da morte". "Perdemos um dos mais criativos dançarinos que já conhecemos em qualquer palco. Desde a primeira temporada do nosso programa, há quatro anos, DG só alegrava nossas gravações. Ele vai sempre ser lembrado em nossas vidas por estas duas palavras: alegria e criatividade”, diz o texto.
Sinais de morte por queda, diz polícia
De acordo com a 13ª DP (Ipanema), onde o caso foi registrado, as circunstâncias da morte de Douglas estão sendo investigadas. O laudo preliminar da perícia apontou que as escoriações são compatíveis com morte ocasionada por queda. Equipes da delegacia estiveram no local. Testemunhas e moradores estão sendo chamados para depor.
Tiros e bombas
Helicópteros sobrevoavam a região por volta das 19h. Tiros, bombas e muito quebra-quebra foram relatados por moradores da região, assustados. Pelo menos um carro foi queimado na subida da comunidade. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram para o local. Por volta das 19h30, a situação começou a ser controlada.
O Túnel Sá Freire Alvim e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana também foram interditados. Imagens aéreas mostraram barricadas montadas com fogo e entulho. O trânsito ficou muito ruim na região até as 21h30. As vias foram totalmente liberadas depois das 23h. Acessos da estação General Osório também foram fechados. De acordo com a Light, faltou luz na comunidade.
(Foto: Márcia Saad / TV Globo )
Em Ipanema, houve correria quando a polícia perseguia um grupo de pessoas, que teria depredado um hospital particular na esquina das ruas Barão da Torre e Farme de Amoedo. Funcionários do metrô que fica perto saíram correndo. Comerciantes fecharam as portas e o policiamento foi reforçado na região.
Pelo Twitter, o líder comunitário Rene Silva postou uma mensagem lamentando a morte de um jovem dançarino, que trabalharia em programa de televisão. "Meus sentimentos ao amigo DG do #esquenta... Q covardia fizeram com ele... Mataram mais um adolescente trabalhador", diz o post, um dos muitos sobre o caso nas redes sociais.
"Qual será a desculpa dessa vez? Que o inocente que os UPPs mataram era suspeito, que estava com atitudes suspeitas, estava em confronto com a polícia, era ex-traficante? Mais um inocente morto, mais uma mãe sem filho, mais um filho sem pai", escreveu um amigo, também no Twittter.