23/04/2014 06h29 - Atualizado em 23/04/2014 10h45

Policiamento continua reforçado em Copacabana após morte de dançarino

Grupo fez protesto após corpo de jovem ser encontrado na comunidade.
Parentes dizem que rapaz foi espancado após ser confundido.

Do G1 Rio

Policiamento é reforçado na comunidade Pavão-Pavãozinho no Rio de Janeiro, RJ, na manhã desta quarta-feira (23), após protesto (Foto: Ariel Subirá/Futura Press)Policiamento é reforçado na comunidade Pavão-Pavãozinho no Rio de Janeiro, RJ, na manhã desta quarta-feira (23), após protesto (Foto: Ariel Subirá/Futura Press)

O policiamento segue reforçado na manhã desta quarta-feira (23) nas proximidades do Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio, após protesto violento iniciado quando foi encontrado o corpo do dançarino do programa "Esquenta" Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 26 anos, nesta terça (22). A confusão se espalhou pelas ruas do bairro, com tiros, bombas, quebra-quebra relatados por moradores e a morte de um homem, baleado na cabeça.

O Pavão-Pavãozinho foi pacificado em 2009.

Helicópteros sobrevoavam a região e houve carro queimado na subida da comunidade. Houve interdições na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Raul Pompeia. O Metrô Rio chegou a fechar acessos da Estação General Osório por segurança.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o homem baleado na cabeça durante a manifestação de moradores do Pavão-Pavãozinho já chegou morto ao Hospital Miguel Couto.

Segundo informações da TV Globo, o morto foi identificado como Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos, e nasceu em Minas Gerais. A polícia ouviu o irmão de criação dele, um amigo e dois PMs que o socorreram. Moradores da comunidade também estavam sendo chamadas para prestar depoimento.

Segundo o relato de vários moradores ao G1, um menino de 12 anos, conhecido como Mateus, também teria sido baleado, na Ladeira Saint-Romain, esquina da Rua Sá Ferreira. Secretaria de Saúde e Polícia Civil, no entanto, não confirmaram a informação, e familiares da suposta vítima não foram encontrados.

Dançarino DG durante apresentação do programa Esquenta (Foto: Reprodução/Tv Globo)Dançarino DG durante apresentação do programa
Esquenta (Foto: Reprodução/Tv Globo)

Morte de dançarino
Amigos do dançarino DG acusam policiais militares de o espancarem por acharem que o jovem era traficante. A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nega.

"Ele morreu à 1h com marca de espancamento. Mais de 12 horas depois a gente conseguiu ver o corpo. Estava em posição de defesa, todo machucado. Ele não tem marca de tiros", disse a mãe, técnica de enfermagem Maria de Fátima da Silva, contando que DG mora com ela na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, e tinha ido à favela visitar a filha, de 4 anos, e ensaiar com um grupo de dança.

Cápsula de bala é encontrada durante manifestação (Foto: Marcelo Elizardo / G1)Cápsula de bala é encontrada durante manifestação
(Foto: Marcelo Elizardo / G1)

Segundo o comando da unidade, houve tiroteio durante ação da PM na noite de segunda-feira (21) na comunidade. O corpo do dançarino foi encontrado numa creche, no fim da manhã desta terça. DG fazia parte do Bonde da Madrugada, do programa "Esquenta", de Regina Casé. Em nota, apresentadora lamentou a morte e pediu que o crime seja esclarecido. “Eu estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível.

Mais cedo, a assessoria de imprensa da Globo informou que a "família Esquenta! está profundamente abalada e triste com a notícia da morte". "Perdemos um dos mais criativos dançarinos que já conhecemos em qualquer palco. Desde a primeira temporada do nosso programa, há quatro anos, DG só alegrava nossas gravações. Ele vai sempre ser lembrado em nossas vidas por estas duas palavras: alegria e criatividade”, diz o texto.

Sinais de morte por queda, diz polícia
De acordo com a 13ª DP (Ipanema), onde o caso foi registrado, as circunstâncias da morte de Douglas estão sendo investigadas. O laudo preliminar da perícia apontou que as escoriações são compatíveis com morte ocasionada por queda. Equipes da delegacia estiveram no local. Testemunhas e moradores estão sendo chamados para depor.

Tiros e bombas
Helicópteros sobrevoavam a região por volta das 19h. Tiros, bombas e muito quebra-quebra foram relatados por moradores da região, assustados. Pelo menos um carro foi queimado na subida da comunidade. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram para o local. Por volta das 19h30, a situação começou a ser controlada.

O Túnel Sá Freire Alvim e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana também foram interditados. Imagens aéreas mostraram barricadas montadas com fogo e entulho. O trânsito ficou muito ruim na região até as 21h30. As vias foram totalmente liberadas depois das 23h. Acessos da estação General Osório também foram fechados. De acordo com a Light, faltou luz na comunidade.

Manifestação no morro Pavão Pavãozinho, na Zona Sul do Rio, em protesto após a morte do dançarino do programa 'Esquenta' Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 25 anos (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)Barrica foi montada na subida da manifestação (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)
Padaria localizada em Ipanema, entre a Rua Farme de Amoedo e Nascimento Silva, foi fechada     (Foto: Márcia Saad/Tv Globo )Padaria na Rua Farme de Amoedo foi fechada
(Foto: Márcia Saad / TV Globo )

Em Ipanema, houve correria quando a polícia perseguia um grupo de pessoas, que teria depredado um hospital particular na esquina das ruas Barão da Torre e Farme de Amoedo. Funcionários do metrô que fica perto saíram correndo. Comerciantes fecharam as portas e o policiamento foi reforçado na região.

Pelo Twitter, o líder comunitário Rene Silva postou uma mensagem lamentando a morte de um jovem dançarino, que trabalharia em programa de televisão. "Meus sentimentos ao amigo DG do #esquenta... Q covardia fizeram com ele... Mataram mais um adolescente trabalhador", diz o post, um dos muitos sobre o caso nas redes sociais.

"Qual será a desculpa dessa vez? Que o inocente que os UPPs mataram era suspeito, que estava com atitudes suspeitas, estava em confronto com a polícia, era ex-traficante? Mais um inocente morto, mais uma mãe sem filho, mais um filho sem pai", escreveu um amigo,  também no Twittter.

Mapa arte Pavão-Pavãozinho (Foto: Editoria de Arte / G1)
Muitas pessoas estão na região próxima do  Pavão-Pavãozinho  (Foto: Marcelo Elizardo/G1)Muitas pessoas foram para as ruas próximas ao Pavão-Pavãozinho (Foto: Marcelo Elizardo/G1)
Trânsito ficou muito ruim no entorno de Copacabana (Foto: Marcelos Elizardo / G1)Trânsito ficou muito ruim no entorno de Copacabana (Foto: Marcelos Elizardo / G1)
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